Fonte: Aviculturaindustrial.com.br
A pandemia de Covid-19 transformou por completo a rotina dos frigoríficos no Brasil. Todos os seus processos internos, envolvendo principalmente a gestão dos colaboradores, teve de ser repensada de uma hora para outra. Em termos produtivos, os impactos não foram tão grandes em relação aos números de cada unidade no pré-pandemia. No entanto, os custos operacionais registraram forte elevação. O dia a dia das plantas industriais teve de ser obrigatoriamente replanejado. Isso, desde a vinda dos colaboradores das suas casas, passando pelo ritual de troca de uniforme, A refeições e acessos às instalações do setor produtivo e terminado no interior do ambiente de trabalho. Tudo teve de ser distanciado e protegido visando evitar o risco de propagação do vírus SARS-CoV-2 no ambiente laboral.
O fator humano
A automação dos processos produtivos já era um conceito bem difundido e buscado pelos frigoríficos, mas, com a pandemia, este conceito foi plenamente consolidado. O fato é que mesmo antes da Covid-19, um crescente número de plantas frigoríficas em todo o mundo já vinha enfrentando dificuldades na contratação de colaboradores para as suas linhas de processamento. “Isto demonstra que o fator humano é o elo mais fraco em uma unidade de processamento. Uma vez terminada a pandemia, esperamos que esta tendência pela automação continue”, ressalta Ruud Berkers, diretor da Marel para a América Latina. O executivo aponta que ao mesmo tempo em que a mão de obra está mais cara, o apetite mundial por produtos avícolas só cresce, o que exige maior capacidade de processamento e maior velocidade das linhas. “Em um cenário como este, certas operações manuais se tornam difíceis de serem feitas com eficiência e dentro de determinados padrões exigidos, o que torna a automação atraente tanto do ponto de vista econômico quando do de qualidade”, reforça Berkers.
Fim do “ombro a ombro”
Os frigoríficos possuem ambientes com características bem peculiares em termos de temperatura, com muitos colaboradores trabalhando próximos uns dos outros. Antes da Covid-19, os responsáveis por trabalhos manuais nas linhas de processamento ficavam no chamado “ombro a ombro”, onde a pessoa permanece ao lado da outra, bem próxima, enquanto executa o seu serviço. Permitir um distanciamento de dois metros por pessoa, segundo Berkers, significaria ter os processos manuais ocupando o dobro do espaço ou levaria o frigorífico a operar somente com a metade de sua capacidade no espaço existente. “Ambas as situações influenciam negativamente a eficiência da produção. Então, sempre que possível, a automação será uma resposta óbvia aos desafios, além da maior higiene do processo automatizado, já que as mãos humanas passam a não tocar mais nos produtos”, indica Ruud Berkers.